A orelha em abano não apresenta riscos à saúde, mas pode gerar efeitos psicossociais negativos em quem tem.

Caracterizam-se em orelhas posicionadas de forma proeminente, em “abano” mesmo!

Neste post você poderá compreender o que são as orelhas de abano, como solucionar esse problema, quando buscar um profissional e como é a técnica de correção.

Estrutura da orelha e as causas das orelhas de abano ou proeminentes

A orelha é composta por 5 estruturas:

• Hélice ou hélix é a parte que contorna a orelha e está dobrada para frente.
• Anti-hélice ou anti-hélix é a dobra entre a concha e a hélice.
• Tragus ou trago é a cartilagem revestida por pele localizada na entrada anterior do conduto auditivo externo.
• Concha é concavidade que fica posterior ao conduto auditivo externo e logo abaixo da anti-hélix.
• Lóbulo é a parte de pele localizada na região mais inferior da orelha, onde se usualmente usamos brincos (eu e os bebês, pelo menos!).

As orelhas em abano são aquelas que se posicionam de forma proeminente, mantendo-se “saltadas” e distantes da cabeça. Isso acontece geralmente devido ao apagamento da anti-hélix e/ ou a hipertrofia da concha auricular.

Essa condição, embora não apresente qualquer risco à saúde, afeta cerca de 2 a 5% da população e pode gerar efeitos psicossociais negativos nos indivíduos acometidos. Sua causa primária é genética, bem pessoal mesmo e não está associada à forma como o indivíduo dorme ou dormiu na infância, nem ao uso de qualquer acessório, pelo mesmo em orelhas nunca operadas.

Porém, infelizmente, sabe-se que as orelhas de abano podem ser alvo de bullying, muitas vezes levando a problemas de ordem psicológica e no desenvolvimento social, com atenção especial na infância. Por isso, um recurso bastante eficaz, seguro e que pode ser realizado a partir dos 6 anos de idade, é a OTOPLASTIA, a cirurgia de correção das orelhas de abano.

Quando procurar um profissional para realizar a otoplastia?

A partir do momento em que isso se torna um problema na vida de qualquer pessoa acima dos 6-7 anos de idade (com mais precocidade em casos de exceção), é possível se submeter à cirurgia. A otoplastia faz parte do treinamento da Residência em Otorrinolaringologia (aliás, já orientei e oriento muitos residentes nesse procedimento ao longo dos meus anos como preceptora, tanto no Hospital da Criança Conceição, onde trabalhei de 2010 a 2014, como no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, lugar de excelência onde tenho vínculo desde a Faculdade de Medicina – Famed/UFRGS- e onde atuo diariamente como Médica Contratada do Serviço de Otorrinolaringologia, compondo a Equipe de Plástica Facial) e dos Fellow em Cirurgia Plástica Facial (curso de capacitação nessa subárea da otorrinolaringologia, com a residência como pré-requisito ).

O procedimento é feito em ambiente de centro cirúrgico, com toda a estrutura para uma esterilização adequada (essencial para prevenção de infecção da orelha!!), e não requer internação, podendo ser aplicada anestesia local ou geral, conforme indicação do médico e a idade do paciente.

A maioria das vezes o incômodo é bilateral, de ambas as orelhas, porém, não tão raramente, a queixa é unilateral, com grande incômodo pela assimetria entre o formato das orelhas. Nesses casos, podemos corrigir apenas a orelha que incomoda (otoplastia unilateral), conforme a avaliação do especialista.

Como consiste a técnica operatória da otoplastia?

Para correção do apagamento da anti-hélix, a técnica consiste em reestruturar essa parte da orelha com pontos de fios não absorvíveis, criando uma nova dobradura nessa estrutura anatômica, o que leva a um aspecto mais agradável à moldura do rosto. É feita uma precisa incisão atrás da orelha, marcada a nova anti-hélix e realizadas as suturas para um resultado esteticamente bem natural à face. Muitas vezes associamos correção da concha auricular e suturas nessa região, para maior harmonia das estruturas.

Como é o pré e pós-operatório da otoplastia?

As orientações pré-operatórias são semelhantes a de quaisquer intervenções cirúrgicas, tais como jejum de 6 a 8 horas, evitar o consumo de álcool na véspera e de alguns medicamentos antes da cirurgia (como aspirina 7 dias antes do procedimento para se evitar sangramentos), entre outros, de acordo com a orientação médica para seu caso. No pós-operatório são fornecidas as instruções que devem ser seguidas à risca, a fim de garantir os resultados esperados, bem como prevenir hematomas, infecções ou outros contratempos.

Na fase de recuperação, os cuidados não devem ser negligenciados. Repouso relativo, uso de atadura nos primeiros dias e faixas de acordo com a orientação de cada caso, além de seguir a prescrição médica são elementos-chave no pós-operatório adequado. A dor desse período é bem tolerada com auxílio de analgésicos comuns. O edema é comum nos primeiros dias, regredindo ao longo das semanas depois do procedimento. No pós-operatório mais tardio, a cicatriz fica bem “escondida” atrás da orelha e o formato da “nova” orelha já está bem definido.

Com índices de resultados muito satisfatórios, vemos que os pacientes com indicação de otoplastia melhoram sua autoestima, o que reflete, a longo prazo, sua na vida social e em aspectos emocionais.